Pensei muito se faria este post ou não. E se sim, qual a melhor maneira de abordar este tema, qual a melhor maneira de transmitir aquilo que realmente sinto e aquilo que realmente é para mim A Praxe.
Antes de começar, gostaria de realçar (e corrigir) apenas um ponto importante sobre este tema que, nos últimos tempos tem sido alvo de conversas, discussões, mediatismo, pseudo-jornalismo e tudo mais, por parte de participantes, pessoas contra, pessoas que nunca viram e muito menos experienciam e pessoas que inventam: não são as praxes, é A Praxe.
Comecemos por chamar as coisas pelo nome correto. 🙂
Desde nova, desde que aprendi que a seguir ao 12º ano existia algo chamado “faculdade” e que no primeiro ano os caloiros eram praxados, eu quis ser praxada. Queria saber o que era aquilo, o que faziam, como, porquê, queria viver a praxe. Queria ter o orgulho de um dia poder envergar o traje, queria saber como era envergar o traje.
O tempo foi passando e, apesar de eu não pensar muito nisso, a vontade mantinha-se lá.
O 12º ano acabou e as candidaturas para o acesso ao ensino superior começaram. “Está quase a começar mais uma etapa, uma completamente diferente.” – pensei eu – “uma etapa onde muita coisa vai mudar, uma etapa onde não conheço ninguém e o desconhecido é garantido.”
Medo. Senti medo.
Os resultados das candidaturas saíram e eu não sabia o que esperar, nem do curso e muito menos da praxe.
“E se eu não gostar? E se me obrigarem a fazer coisas que não quero? E se me humilharem? E se me tratarem mal? E se? E se?”
Medo. Medo e nervosismo.
Lá chegou o dia das inscrições, o dia em que ia ter finalmente O primeiro contacto real do que seriam os próximos 3 anos da minha vida, no mínimo.
A verdade? A verdade é que fui super bem recebida. A verdade é que nunca ninguém me obrigou a nada, nunca me obrigaram a fazer coisas com as quais não me sentia confortável. Não me humilharam, não me desrespeitaram e muito menos, nunca, em caso algum, meteram a minha vida e saúde em risco. Nem a minha, nem a de nenhum dos meus colegas.
Muito pelo contrario, a praxe não é nada disso. Sempre estivemos lá de livre e espontânea vontade.
E eu nunca pensei que fosse gostar tanto da praxe, como gosto. Nunca pensei que fosse encontrar uma segunda família como encontrei. Nunca pensei que fosse assim. Surpreendi-me. E ainda bem!
Inicialmente pensava que na praxe só nos fossem sujar e pintar e que de alguma maneira a praxe servia para conhecermos os nossos colegas. Mas não é isso.
A praxe ensina, a praxe ajuda, a praxe integra.
A praxe ajuda-nos a conhecer os nossos colegas, não só os do nosso ano, mas todos aqueles que já lá estão há mais tempo, pessoas que se esforçam para estarem lá todos os dias para nós e por nós, pessoas que de alguma ou de outra forma farão tudo para nos ajudar quando precisarmos, para nos ajudarem a resolver os nossos problemas, para nos aconselharem, para nos ensinarem o que lhes foi ensinado a eles.
A praxe transmite-nos valores corretos, ajuda-nos a sermos pessoas melhores. Tudo o que é feito na praxe, tem um motivo. Não é só porque não há mais nada para fazer e então pronto. Não é assim.
E desengane-se quem acha que a praxe é só durante o tempo que estamos na faculdade. A praxe a sério, não serve só na faculdade, a praxe e tudo o que ela nos ensinou, vai fazer parte de toda a nossa vida, quer pessoal quer profissional. Para sempre.
Custava acordar cedo todos os dias? Às vezes custava.
No fim do dia valia a pena esse esforço? Sem dúvida alguma que valia e continua a valer.
Hoje, sou pastrana. Envergo o meu traje com honra e é assim que o tenciono fazer até ao último dia.
Hoje, tento ensinar e transmitir os valores que me foram transmitidos.
Hoje esforço-me para fazer o mesmo que fizeram por mim quando era caloira.
E hoje posso dizer que a praxe me mudou. Mudou sim, é verdade.
A praxe ensinou-me e reforçou tantos valores, tantas coisas… Foram tantos momentos, tantas emoções… não há descrição suficiente para aquilo que a praxe trouxe para a minha vida e, certamente, para a vida dos meus colegas. Porque a praxe não se descreve, sente-se. E só quem sente, sabe.
Eu não falo do que não conheço, nem do que não sei. Porque não sei nem o que é verdade, nem o que é mentira. Porque não fiz parte disso.
Mas eu defendo a minha praxe, o meu curso. Porque faço parte, porque sei. Porque a minha praxe é excelente e eu admito.
E admito que tenho imensas saudades de ser caloira, esses foram os melhores tempos. Mas é como se diz: “uma vez caloiro, caloiro sempre”.
O que se passa noutras instituições e faculdades, não sei…não comento.
Só peço que não se ponham a julgar o que não sabem, que não julguem quando nem sequer experienciaram. Como dizia um Excelentíssimo Veterano: “só sabe o que se passa no convento quem lá está dentro”.
E não generalizem uma praxe a toda a Praxe. 🙂
Porque foi na praxe que conheci pessoas extraordinárias, pessoas a quem chamo de melhores amigos, pessoas que sei que são para a vida e que sei que posso contar. Pessoas a quem chamo de “orgulho“, porque é mesmo isso que são.
E tento seguir o seu exemplo, tento sempre dar o meu melhor.
União, Humildade, Inteligência, Respeito, Esforço, Companheirismo, Dedicação, Compromisso, Honra, Responsabilidade, Orgulho e muito mais.
E por tudo, só tenho que agradecer a todos aqueles que fizeram e que fazem parte da minha vida académica, que se esforçaram para que fosse possível. Um muito Obrigado !
DVRA PRAXIS SED PRAXIS.